sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O SAPO



O SAPO
Na minha casa, durante o verão, apareciam sapos de toda ordem... No jardim, dentro de casa, especialmente em volta da cozinha e banheiros.
Morro de medo dos sapos por causa dos pulos que eles dão, com aquelas pernas finas e longas.
Dentro de casa sempre deparava com uns mini sapos, cor da pele, com olhinhos azuis. Eles ficavam escondidinhos perto das torneiras e disseram-me que são sapos que vivem nos canos d'água. E eu me pergunto: como? então eles nascem por ali e ficam fazendo suas necessidades na água que tomamos banho ou bebemos? Que nojo!
Um dia, notei que havia sapos maiores. Alguns bem grandes. Certo dia encontrei um e nos encaramos. Eu, morta de medo mas curiosa. Ele, curioso e destemido. Notei seus grandes olhos azuis e sorri pensando:
- "Epa, que belo loiro me encara!"
Comecei a examiná-lo, a pele clara, quase da cor da minha, mas puxando para o rosado... Para minha segurança, resolvi fechar a porta do WC onde ele foi flagrado e corri à enciclopédia para saber que tipo de sapo era aquele. Não achei. Telefonei para São Paulo, para meu genro que é veterinário, para saber se o sapo seria venenoso. Ele tranquilizou-me dizendo que são inofensivos e deu-me umas explicações que achei meio nebulosas e assegurou-me que os sapos de olhos azuis são cegos. Vai ver que é por isso que ele me encarou daquele jeito! ( pensei)
Certo dia, recebi visita de uma amiga. Lá pelas tantas, ela pediu para ir ao WC, então, lembrei-me dos sapos e disfarçadamente resolvi dar uma espiada para não passar vexame e não vi nada. Liberei o WC Social para minha amiga.
De repente ouvi uma gritaria e ela saiu dali com as calças na mão ... Isto mesmo que você está pensando, quando ela se aprontava para usar o vaso, lá estava o sapo de olhos azuis, pronto para pular na primeira perereca que aparecesse... Ela, apavorada deu um pulo e saiu gritando: "Tem um Sapão ali, de olhos azuis querendo me pegar!"
Até hoje ela acha que eu sabia que o sapo estava ali... juro que não , ( dentro do vaso, não!)
De repente ele sumiu... Confesso que senti falta do sapeca.
E você, tem medo de sapos de olhos azuis?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O HOMEM DOS SILÊNCIOS.


O HOMEM DOS SILÊNCIOS.


Seguidamente me confundem com pessoas que jamais ouvi falar, então devo ter uma cara padrão para a Terceira Idade.
Mas eu também tenho confundido uma que outra pessoa. Exemplificando, conheci, há tempos, um cidadão. Desde então, passei a confundi-lo com outras pessoas que tinham fisionomias semelhantes.
Nada de mais, porém, houve certo tempo que estabelecemos um contato silencioso, mas, usando de artifícios que não vou citar aqui para não darem risadas das nossas caras.
Na verdade somos dois excêntricos...
Toda a vez que vejo alguém semelhante acho que é o tal “homem dos silêncios” e fico a olhar.
O visado também me olha como se dissesse, lá com seus botões:
-“Conheço essa mulher, de onde?”.
Já foram dezenas de vezes que me deparei com pessoas parecidas com ele, gordos, magros, feios, nem tão feios e eu sempre pensando ser o “de cujus”...
Dizem que quando estabelecemos contato com alguém é porque esta pessoa tem algum significado na nossa vida (vida anterior, suponho).
Este ata não desata, cheira, portanto, aos séculos XIV ou XVII, tais as dificuldades que se interpõem num relacionamento real e saudável.
Fico pensando; quem sabe fomos irmãos em outros séculos? Namorados? Também pode ser em razão das vinditas que armamos um para o outro.
Concluo que o tal Homem dos Silêncios também tem, apenas, uma cara padrão, isto é, perfeitamente confundível.
E, a bem da verdade, serviu de pretexto para eu me “reinventar”, segundo o Moacyr Scliar, em sua crônica dominical.

sábado, 11 de dezembro de 2010












O NAMORADO CERTINHO.

Por ter convivido com irmãos que seguiram a carreira militar, por opção de minha mãe que era filha de um Coronel do Exército, reconheço, de saída, quando um jovem é militar.
Pois aquele jovem sentado de costas e que tomava lanche com a namorada, me pareceu ser alguém com características de “certinho”... ou por outra, seria cadete ou Aspirante, pela idade, provavelmente do Exército .
Tinha o corte de cabelos característico, mais cheio em cima e da metade da cabeça para baixo, corte zero.
Vestia uma camisa listrada em azul e branco, com jeans. Sapatos, no modelo social.
Perguntava alguma coisa para o garçom, provavelmente sobre trajetos, o que me faz supor que não fosse daqui.
Por que, os militares são certinhos?
Porque foram instruídos nas Escolas Militares a serem certinhos em tudo, no comportamento, nos pensamentos e seguir por esse rumo, a vida toda. Aprendem a amar o Brasil, acima de tudo e respeitar a autoridade constituída, ainda que ela não seja aceita no meio militar.
Tempos duros o que os militares estão vivendo, em todos os níveis da sociedade atual, e o mais sensato seria entortar o pêndulo da conduta de certinho para o da rebelião por tudo que nos rodeia.
Ou quem sabe, dar um tchau para a carreira militar e viver solto por aí, mas conheço alguns que fizeram isto e se deram mal. Vociferam e não se entrosam, acabam falando sozinhos, num mundo em que a retidão de caráter está fora de moda.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tenini: < ...

Tenini:
<
...
: "< Tenini NOSTRADAMUS. P..."




O MINEIRO.

O desafio do grupo de poetisas da Internet era tirar palavras de um Sopão e fazer um conto. Aceitei o desafio e escrevi o “sopão” abaixo...
O MINEIRO.

Benedito, sentado no vaso da toalete da pensão onde morava, ruminava pensamentos. Morador no interior mineiro, aos 40 anos ainda não casara, nem sequer era um pai solteiro como muitos. Não que fosse infértil, mas não tinha sorte com as mulheres.
A bem da verdade, se achava horroroso. Resolvido o problema com o vaso, levantou-se e decidiu fazer a barba, pois fora convidado para uma festa na casa da Joaninha, um puteiro da cidade.
Aceitara o convite porque seguia o “paradigma” de que “ em rio que tem piranha, jacaré nada de costas...”
Gostaria mesmo era de ir a um baile, onde pudesse usar máscara. Tinha complexo de seu nariz. Se pudesse reduzir o naso que a genealogia o tinha brindado, agradeceria ao santo de sua devoção, São Benedito,pela graça alcançada. Ao fazer a barba, machucou-se justamente na ponta do nariz e teve de botar merthiolate no corte, deixando-o pesaroso. Seu diformismo era de estarrecer!
Consolou-se, não era corrupto como certo político que conhecia e sim, um trabalhador de campo que sabia dirigir trator .Não iria sub-rogar atenção especial de ninguém, pensou.
De repente sentiu-se uma raridade, havia tantas mulheres para um homem que teve um pensamento otimista: “ em tempos de vacas magras até um carangueijo como ele tinha chance. Animou-se: substituição do nariz? Nem pensar...